Publicado no Jornal Notícias, 01/12/2020
AS Bolsas de Valores (BVM) e de Mercadoria de Moçambique (BMM) acordaram ontem, em Maputo, em facilitar o acesso ao financiamento aos produtores e comerciantes do sector agrário.
Para o efeito, as duas instituições vão partilhar as operações da Central de Valores Mobiliários da BVM, permitindo deste modo que se faça o registo, a liquidação e compensação financeiras dos produtores e comerciantes que tenham produtos agrícolas armazenados nos silos da BMM.
O depósito das mercadorias será assim confirmado como um certificado de posse emitido pela BMM ou por outras entidades públicas e privadas por ela licenciadas.
A assinatura do memorando entre as duas instituições acontece poucos dias após o lançamento das campanhas agrária 2020/2021 e da comercialização da castanha de caju, esperando-se, neste contexto, que o seu impacto tenha reflexos na presente época agrícola.
De acordo com o secretário permanente do Ministério da Indústria e Comércio, Jorge Jairoce, a Central de Valores Mobiliários efectuará o registo, liquidação e compensação financeiras deste instrumento de crédito bancário (certificado), proporcionando, desse modo, um mecanismo de financiamento directo aos produtores e comerciantes.
“Trata-se de uma medida que irá impactar positivamente a vida dos produtores e a economia, em geral, pelo que gostaríamos de chamar atenção aos potenciais beneficiários desta janela de financiamento para que estejam organizados, de modo a poderem tirar partido”, disse.
Intervindo na mesma ocasião, o presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores de Moçambique (BVM), Salim Valá, afirmou que a operacionalização do acordo representa um marco importante por prever a incorporação do certificado de posse como um mecanismo para o financiamento agrário.
“Ele vai beneficiar a economia rural como um todo, num contexto em que cerca de 66 por cento da população do país vive nas zonas rurais”, disse Valá.
A presidente do Conselho de Administração da BMM, Victória Paulo, também considerou o acordo como sendo crucial para dinamizar a economia moçambicana.
“Ambos operamos também com empresas que têm o seu foco nas zonas rurais. Então, o mecanismo que hoje testemunhamos vai ajudar muito para que os pequenos produtores nacionais e todos os intervenientes possam usar a Central de Valores Mobiliários para aceder ao crédito bancário”, disse.