Moçambique tem condições para produzir quantidades de semente de batata reno suficientes para satisfazer as necessidades internas, o que ajudaria o país a poupar, anualmente, cerca de três milhões de dólares norte-americanos.
Sérgio Gouveia, director da AC Matama, uma empresa agrícola localizada no distrito de Lichinga, província nortenha do Niassa, e que produz semente de batata, afirma que “não há razão absoluta” para o país continuar a importar semente desta cultura alimentar a avaliar pelas condições técnicas e agro-ecológicas existentes em vários locais, incluindo Niassa.
“Moçambique importa semente de batata, principalmente da região da cidade do Cabo, na África do Sul, onde as condições de produção são similares ou que não chegam a superar as de Lichinga e de outras zonas frias do país”, disse Gouveia, a margem da visita que o Primeiro – Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, efectuou esta sexta-feira a AC Matama.
O Primeiro-Ministro encontra-se desde Quinta-feira em visita de trabalho de sensivelmente quatro dias a Niassa.
“Temos solos virgens, equipamentos de rega e lavoura, pessoal treinado para produzir semente de qualidade mundial. O que nos falta é apenas um mercado estabelecido para absorver a semente que temos capacidade de produzir, no lugar de ir-se buscar o produto na África do Sul”, disse Gouveia. “É o que estávamos a discutir com o senhor Primeiro-Ministro sobre como é que se pode fazer a viragem, aproveitando-se a capacidade existente”.
A empresa privada AC Matama produz, actualmente, 470 toneladas de semente da batata reno, numa altura em que o país precisa de cerca de 2.500 toneladas.
“Temos capacidade para produzir conforme as necessidades. Temos água e espaço suficiente, bastando que o produto seja colocado directamente no mercado porque temos também limitações no armazenamento. A batata, sob ponto de vista técnico, é matéria viva degradável muito rapidamente. Mas a capacidade de frio podemos criar”, explicou Gouveia.
“Se nos contratarem podemos produzir semente de qualidade internacional e abastecer o mercado nacional”, garantiu.
A empresa possui uma área de 3.800 hectares mas explora apenas 1.200 hectares, produzindo, basicamente, milho e soja, para além da semente de batata.
Por seu turno, o Ministro da Agricultura e Segurança Alimentar, Higino Marrule, disse que a empresa AC Matama está a desenvolver um projecto ambicioso dentro das prioridades do governo, que é produzir semente de qualidade e certificada. “Isso faz diferença na produção e produtividade agrária”
“Encorajamos a empresa a continuar com o seu trabalho e a expandir ainda mais a produção de semente e não só. É semente produzida localmente, por nacionais, e certificado por técnicos nacionais mas que a qualidade é mundial”, acrescentou.
Segundo o Ministro, a empresa AC Matama deu um grande salto na substituição da importação de semente, principalmente a de batata. “Esse é o objectivo primordial do governo que se traduz em duas vantagens: substituir as importações, poupando divisas, e aumentar os níveis de produção alimentar do sector familiar e privado”.
Apesar da degradação das vias de acesso, o que compromete, em parte, o escoamento da produção da empresa AC Matama, o Ministro disse que, mesmo assim, a empresa afirma, com muito orgulho, que consegue colocar a semente que produz a um preço “competitivo” em mercados distantes, caso de Maputo, capital moçambicana.
Higino Marrule espera que a questão das infra-estruturas encontre resposta a partir de iniciativas como a conferência de investidores de Niassa, evento de dois dias que hoje termina, em Lichinga, e que conta com a participação especial do Primeiro-Ministro, Carlos Agostinho do Rosário, para além de outras 364 pessoas, representando várias áreas de interesse económica, social e política do pais e do mundo. (RM-Niassa)
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